“O muito amigo Pdre Leão…” 2 Maio, 2020
Frequentei o Colégio de Gaia desde a 1ª classe ao 7º ano (antigo) – a “Escola do Pdre Leão”!
Todos estes anos convivi com o muito amigo Pdre Leão e fui, ao longo desses anos, interno do Colégio juntamente com o meu Pai, Prof Costa.
O Pdre Leão foi meu Prof de inglês, 3 anos, e “encaminhou-me” para germânicas; deu-me uma vez com a palmatória amarela, talvez por não ter feito os trabalhos de casa; ardeu bem! Ele usava-a na manga direita do casaco, com o braço dobrado a segurar o livro da aula; quando se queria servir dela endireitava o braço ao longo do corpo, a dita escorregava pela manga até ser segura pela ponta do cabo; o golpe vinha lá de cima, seco e firme!
Um dia o Pdre Leão apresentou- nos, na aula, um novo colega, o Zé Fernandes da Afurada (infelizmente já não está entre nós); o Zé, filho de pescador, já tinha barba cerrada, um físico impressionante, um olhar fulminante e calçava botas de “combate”; o Pdre Leão disse que queria que fossemos todos muito amigos e que o Zé, se necessário, nos iria proteger, com a sua força e aquele queixo de violino. Pdre Leão disse, e o Zé Fernandes passou a ser o “Violino”, também para o próprio Pdre Leão, sem melindres, e sempre com muita amizade.
A viver em Lisboa, fui um dia visitado pelo Pdre Leão que, na companhia de meu Pai, partiam no Infante D.Henrique para Angola; a digressão fora-lhes oferecida por Pais de estudantes da freguesia de Rocas e do Couto, Sever do Vouga, alunos do Colégio, e que viviam naquela Província Ultramarina. Fui acompanhá-los ao embarque e voltei para os esperar no desembarque!
Continuamos a ver-nos ao longo da vida, até que chegou um fim; foi no cemitério de Milheirós de Poiares.
O muito amigo Pdre Leão, partiu; a “escola do Pdre Leão”, ficou.
Manuel Augusto Barbosa de Almeida e Costa